Marcos Palmeira avalia as duas versões de Renascer. Confira a entrevista!

Por - 26/03/24 - Última Atualização: 11 abril 2024

Marcos Palmeira caracterizado como José InocêncioMarcos Palmeira interpretava o José Pedro na primeira versão de Renascer- Foto: Flavia Cirino

Não é etarismo, muito longe disso. É admiração. Falar que aos 61 anos Marcos Palmeira está com tudo não é exagero. É reconhecimento. E, porque não, orgulho! Sim, já que quem é noveleiro tem uma certa “intimidade” que nos aproxima dos atores, principalmente daqueles cujo trabalho acompanhamos ou, para os mais novos, são alvos de pesquisas e buscas na web. 

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Trabalhando com ator desde 1975, quando fez o primeiro papel no especial de fim de ano O Menino atrasado, sobrinho de Chico Anysio – o pai dele é irmão do falecido humorista – estreou em novelas em 1986, numa participação na novela Roda de Fogo, e não parou mais.

Atualmente na pele de José Inocêncio, em Renascer, novela na qual, em 1993, fez o João Pedro, o artista se destaca, mais uma vez. Para ele, o segundo reencontro com uma obra revisitada de Benedito Ruy Barbosa – o primeiro foi Pantanal, trama da qual esteve também nas duas versões – é mais um presente.

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“Nunca fui um ator muito elogiado nem muito criticado. Passei na média. Não tenho preocupação com isso”, disse ele, modesto, a OFuxico.

Confira a entrevista com Marcos Palmeira

OFuxico: 30 anos depois das gravações da primeira versão, quais as maiores mudanças?
Marcos Palmeira: Essa preocupação do cacau mais agroecológico, mais agroflorestal, onde você sai da monocultura do cacau e pode entrar com cupuaçu, acerola e tem esse retorno na efetividade do solo. Faz você entender que não existe praga, existe desequilíbrio. Então quando se fala na vassoura de bruxa (praga que acabou com plantações de cacau nos anos 1990), ele enxerga que a praga é indicativo de algum problema, então você tem que ir lá e remanejar aquela área para poder fazer com que ela ganhe efetividade. Eu acho que esse é um grande diferencial.

OFuxico: É notório não apenas o avanço da tecnologia, mas o cuidado com o meio ambiente, desde a estreia da novela. Como você avalia isso?
Marcos Palmeira: Estamos sendo muito honesto nessa novela. Acredito que que assistiu antes vai curtir de novo e ao mesmo tempo vai se desconectar do que já aconteceu vai se conectar com o que está vendo agora.

OFuxico: Você em uma vivência como fazendeiro, dono do seu próprio negócio (o ator é proprietário da Fazenda Vale das Palmeiras, na qual cultiva e vende produtos orgânicos). O que você tem de José Inocêncio?
Marcos Palmeira: Meu bisavô, meu avô e meus pais foram produtores de cacau, ainda temos produção na Bahia. E tema questão da proteção ambiental, ele vem muito com esse olhar forte e eu me identifico muito com ele nisso.

Tenho sentido que as pessoas estão curtindo, perguntam se estou ‘. As pessoas: tá ‘pegando a novinha’, ao mesmo tempo que sentem falta da relação dele com João Pedro”

José Inocêncio e Mariana

OFuxico: Essa relação com a Mariana é um dos destaques. O que você, como expectador, acha do casal?
Marcos Palmeira: “Estamos curtindo muito e, graças a Deus, até agora deu tudo certo. Ao mesmo tempo eu vejo uma galera com preconceito com o casal, tem essa crueldade a diferença de idade, mas acho que as pessoas falam muito também hoje em dia, né? Todo mundo tem acesso a algum tipo de informação, então eu procuro não ficar muito ligado porque acho que é complexo mesmo. Essa relação é difícil. A gente não tem é difícil ficar defendendo. Inocêncio não é o herói, mas tem essa coisa meio errada que é legal dos personagens.

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OFuxico: Gosta de ser chamado de Painho?
Marcos Palmeira: Tem isso… Acho que tem um lado carinhoso nisso aí também. Quando você fizer um remake daqui a 10, 15 anos, a atriz que fizer a Mariana vai passar pela mesma situação e as pessoas sempre dão crédito pra atriz, não ao personagem. Acham que a atriz é que tá dando essa dubiedade. A Adriana (Esteves, que viveu a Mariana na versão original) passou por isso teve uma rejeição maior.

OFuxico: Qual a diferença entre o seu José Inocêncio e o do Antonio Fagundes?
Marcos Palmeira: O Fagundes fazia um homem mais austero, fazia um desenho seco, assim como a Mariana. Eu tento dar uma humanizada nessa relação, os tempos são outros. Acho que a Adriana parecia mais novinha também, mas realmente é um personagem de rejeição e é isso faz parte. Ele era austero de com roupa de linho, bota o tempo inteiro. O meu é mais humanizado, um cara do campo.

José Pedro de Marcos Palmeira e Juan Paiva

OFuxico: Qual sensação de contracenar com o Juan Paiva, que interpreta o mesmo personagem que você fez na versão original?
Marcos Palmeira: Somos atores de temperamentos bem distintos, mas eu acho lindo da maneira como o João faz. Traz uma densidade que talvez eu não tivesse tanto.

Marcos Palmeira: Eu fazia uma obra aberta, não sabia para onde ia o João Pedro, não sabia que ele teria esse protagonismo que teve na época. Você vai fazendo a obra, arriscando. Ele, agora, já tem a construção desse personagem, um arco que deixa até mais fácil para o ator ter uma direção. Acho que eu tinha um pouco mais de leveza, eu trazia um pouco de humor.

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino