Morre Quinho, intérprete que cantou o samba mais popular do Carnaval
Por Flavia Cirino - 04/01/24 às 06:46
Melquisedeque Marins Marques, mais conhecido como “Quinho”, morreu aos 66 anos na quarta-feira, 03 de janeiro. Ele, que foi uma das maiores vozes do carnaval do Rio de Janeiro, cantou grandes sambas-enredo da União da Ilha e do Salgueiro, incluindo o histórico “Pequei Um Ita no Norte”, o popular “Explode Coração”, pela vermelha e branca em 1993 e também foi a voz de Festa Profana (hoje eu vou tomar um porre, não me socorre, eu tô feliz), pela União da Ilha, em 1989.
Viviane Araújo recebeu Barbara Reis no Salgueiro. Veja!
Ele estava internado no Hospital Evandro Freire, na Ilha do Governador, bairro da Zona Norte onde morava. A causa da morte foi insuficiência respiratória.
Quinho estava afastado do carnaval dede 2022, quando iniciou o tratamento de um tumor na uretra. Ainda assim, o nome dele foi lembrado durante o desfile pelo carro de som, que foi batizado como “Quinho do Salgueiro”.
A informação foi dada inicialmente pelo Salgueiro, escola de samba que o abraçou no início dos anos 90: “Quinho não era apenas um cantor, mas um poeta que traduzia em notas a essência da nossa escola”, publicou a agremiação.
“Quinho não apenas cantou para o Salgueiro; ele viveu e respirou cada nota, cada batida do coração acelerado da bateria. Ele personificou o espírito salgueirense, e sua ausência deixa um vazio indescritível”, prosseguiu o comunicado.
Marca registrada
Os gritos “arrepia, Salgueiro, pimba, pimba”, “ai, que lindo, que lindo” e “que bonitinho” se tornaram as características de Quinho. Quando ele chegava na avenida, era notória a empolgação do público, que vibrava com seus cacos e animação.
Como foi o último desfile de Quinho no Salgueiro
“Talvez Quinho tenha sido o cantor q melhor entendeu o significado de ser um PUXADOR na Avenida. Mais do que intérprete de samba, ele puxava os componentes, estimulava, animava a escola, não deixava a peteca cair em momento algum. Por isso foi tão marcante. Um puxador de verdade!”, destacou o jornalista Leonardo Bruno, que faz parte do corpo de jurados do Estandarte de Ouro, importante premiação do carnaval carioca.
Quinho começou a cantar samba no bloco Boi da Freguesia e logo foi chamado para integrar compor o carro de som do saudoso Aroldo Melodia, na União da Ilha do Governador, em 1988. E lá ficou até 1990.
Ele foi para o Salgueiro em 1991 e foi na vermelho e branco da Tijuca, em 1993, com “Peguei um ita no Norte”, que Quinho se destacou. No ano seguinte, voltou para a União da Ilha.
Ao longo de sua carreira, passou por outras escolas do Rio como São Clemente, Acadêmicos do Grande Rio, Império da Tijuca e Acadêmicos de Santa Cruz, e de São Paulo, como Rosas de Ouro, e de Porto Alegre, como a Vila do IAPI.
Altos e baixos
Apesar de ter passado por vários lugares, foi com o Salgueiro que Quinho “se encontrou”. Em 2009, ele interpretou “Tambor”, com o qual levou a escola a seu nono e último título.
Receba as notícias de OFuxico no seu celular
Por causa de divergências com a diretoria, passou um tempo afastado e tentou se candidatar à presidência da agremiação. Mas teve sua candidatura impugnada.
Quinho retornou ao Salgueiro em 2019, quando passou a dividir o carro de som com Emerson Dias. Em 2022 ele deu apenas o grito de guerra
“O Salgueiro representa tudo na minha vida. Se eu não fosse Salgueiro, eu não seria campeão do Carnaval, eu não seria o Quinho do Salgueiro. Devo tudo a essa escola, mas eu ainda tenho lenha para queimar. O Emerson é um garoto que veio comigo no apoio do carro de som, depois o conduzi para a Grande Rio, voltei para o Salgueiro em 2003, ele virou primeiro intérprete, e hoje é essa pessoa fantástica, que arrebenta onde chega, o Salgueiro está muito bem servido”, disse Quinho em uma homenagem feita pelo telejornal RJ-TV, da Globo, no ano passado.
O corpo do cantor de samba será velado na quadra do Salgueiro, no Andaraí, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira, 04 de janeiro.
É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino