Titanic: Tudo o que se sabe sobre o desaparecimento do submarino

Na manhã do último domingo, 18 de junho, o submarino turístico “Titan”, que prometia uma excursão aos destroços do famoso Titanic, sumiu sem deixar rastros no Oceano Atlântico. A embarcação, com 6,5 metros de comprimento e 3 metros de largura, carregava uma capacidade máxima de cinco passageiros por excursão. Uma aventura submarina que durava oito dias e custava US$ 250 mil, o equivalente a R$ 1,2 milhão.

A viagem compreendia o seguinte roteiro: uma grande embarcação saia de Newfoundland, no Canadá, levando o Titan por 643 km, até o ponto de submergir na região onde se encontram os destroços do Titanic.

A despeito de sua dimensão reduzida e falta de autonomia, o fabricante sempre assegurou a segurança da cápsula blindada, que foi fabricada pela NASA.

JORNALISTA ALERTOU SOBRE CARÁTER AMADOR DA VIAGEM

A trágica história do Titanic remonta a 1912, quando mais de 1,5 mil pessoas perderam suas vidas em sua viagem inaugural, após colidir com um iceberg. Os destroços do navio foram descobertos somente em 1985, a uma profundidade de 3,8 mil metros.

Em 2022 o jornalista David Pogue revelou em uma reportagem para a CBS, detalhes da experiência da expedição. Ele reportou os problemas técnicos verificados e a atmosfera amadora da missão. Surpreendentemente, o submarino era controlado por um joystick similar ao de videogame e não possuía GPS ou cabo conectado à superfície.

O discurso sobre segurança adotado pelos responsáveis pela expedição focava unicamente que a cápsula, que segundo eles é o mais importante, sempre foi segura, blindada e feita pela Nasa.

Em entrevista a BBC, David Pogue, descreveu a situação como alarmante. Ele explicou que as pessoas a bordo do submersível estão impossibilitadas de escapar sem auxílio externo, devido aos vários parafusos que selam a cápsula principal por fora.

Pogue também revelou que o submarino possui sete mecanismos diferentes para emergir à superfície. No entanto, a incapacidade de ativar qualquer um deles até agora é “realmente preocupante”. A emergência da nave seria impossibilitada caso esteja presa ou tenha ocorrido um vazamento.

O jornalista recordou ainda que, durante a expedição que ele participou no ano passado, o “Titan” se perdeu por aproximadamente três horas e alguns dos componentes do submarino pareciam “meio improvisados”, incluindo o uso de um controle de jogo do Xbox para dirigir o submarino.

Em um comunicado emitido na segunda-feira (19/6), a OceanGate, a empresa responsável pelo “Titan”, afirmou que seu “foco total [estava] nos tripulantes do submersível e em suas famílias”, expressando sua profunda gratidão pela “extensa assistência” que vem recebendo de agências governamentais e empresas de alto mar.

DESAPARECIMENTO E BUSCAS

A expedição do Titan, iniciada em 18 de junho, representou a primeira tentativa de alcançar os destroços realizada em 2023. Após 1 hora e 45 minutos de descida – usualmente leva duas horas para atingir o fundo do mar – o contato foi perdido. A OceanGate, empresa responsável pela expedição, declarou em comunicado: “Todo nosso foco está nos tripulantes do submarino e suas famílias.

Os esforços de busca são comandados pela Guarda Costeira americana, com apoio da Guarda Costeira canadense. O resgate se mostra desafiador, considerando a remota localização do incidente. Sonares subaquáticos estão sendo utilizados, além de varreduras aéreas e marítimas na superfície. Segundo cálculos da Guarda Costeira, há esperança de que a tripulação tenha cerca de 70 horas de ar, mesmo no fundo do mar.

Um esforço conjunto de resgate envolve várias agências governamentais e empresas de exploração de águas profundas. Uma operação gigante está em andamento para restabelecer a comunicação com o submarino e garantir o retorno seguro da tripulação.

DEZ DIAS DE AVENTURAS

Batizada de “Expedição Titanic”, a aventura no fundo do mar é limitada a apenas cinco ocupantes, geralmente um piloto e quatro turistas. Entretanto, o número exato de passageiros no submarino desaparecido ainda é desconhecido.

A expedição tem duração total de 10 dias, com os dois primeiros a bordo do navio de maior porte que transporta os turistas ao local do naufrágio. O local de partida é a costa de Newfoundland, no Canadá, onde os passageiros viajam 600 km pelo Oceano Atlântico até chegar ao local de submersão.

Depois disso a tripulação viaja  aproximadamente oito horas para realizar a jornada completa até os destroços – que repousam a uma profundidade de 3.800 metros – e retornar à superfície.

RISCO DE MORTE E AGENDA LOTADA

Segundo informações da OceanGate, 18 expedições foram planejadas para o local do naufrágio em 2023, impulsionadas pelos mergulhos bem-sucedidos realizados em 2021 e 2022. Em entrevista à CBS no início de 2023, Stockton Rush, presidente da OceanGate, destacou que os passageiros geralmente são entusiastas da história do Titanic ou indivíduos com grande poder aquisitivo.

Ainda segundo o jornalista David Pogue, antes de embarcar ele teve que assinar um termo de responsabilidade que advertia tratar-se de uma viagem em “um submersível experimental, não aprovado nem certificado por nenhum órgão regulador, podendo resultar em danos físicos, psicológicos, ou até a morte”. Não há informações disponíveis sobre os termos assinados pelos passageiros do submarino desaparecido.

O Titan é confeccionado em fibra de carbono e titânio, construído especificamente para a OceanGate. O espaço é semelhante ao de um automóvel de grande porte, equipado com um pequeno banheiro e operado por um controle similar ao de um videogame. Pogue é firme ao dizer que “algumas peças do submersível parecem improvisadas”. Após três tentativas frustradas devido a questões de segurança, ele e os demais tripulantes finalmente conseguiram chegar até os destroços.

QUEM SÃO OS PASSAGEIROS DA EXPEDIÇÃO

Embora as autoridades não tenham identificado publicamente nenhum dos cinco passageiros a bordo do submersível “Titan”  a CNN que famílias, amigos e empresas dos possíveis tripulantes começaram a divulgar informações com os primeiros nomes dos passageiros a bordo do submarino “Titan”.

• Hamish Harding

Empresário e aventureiro britânico, vive nos Emirados Árabes Unidos. Ele é dono de uma empresa chamada Action Aviation, que compra e vende aeronaves, incluindo jatos executivos, e que

Ele é um conhecido explorador, foi um dos primeiros a visitar o ponto mais profundo conhecido na Terra, o Challenger Deep, e participou do voo espacial da Blue Origin em 2022.

• Paul-Henri Nargeolet

No sábado, 17 de junho, Hamish Harding revelou em suas redes sociais que embarcaria no domingo com o renomado mergulhador PH Nargeolet na expedição ao Titanic. A informação foi confirmada por Larry Daley, outro mergulhador de St. John’s, em conversa com a CBC News.

Nargeolet, diretor de pesquisa subaquática da Premier Exhibitions, Inc., tem um histórico notável na exploração do Titanic, participando da Titanic Auction no Intrepid Sea-Air-Space Museum em Nova York em janeiro de 2012.

“A equipe do submarino conta com exploradores lendários, incluindo Nargeolet, que já realizou mais de 30 mergulhos no RMS Titanic desde a década de 1980”, afirmou Harding no Instagram.

Sua reputação o precede, tendo liderado diversas expedições ao Titanic e supervisionado a recuperação de vários artefatos do famoso naufrágio, conforme informado pelo E/M Group, onde Nargeolet atua como diretor de pesquisa subaquática.

• Shahzada Dawood e Sulaiman Dawood

O empresário paquistanês Shahzada Dawood e seu filho, Sulaiman, foram confirmados como parte da tripulação a bordo do submarino desaparecido, conforme indicado em um comunicado oficial da família emitido nesta terça-feira, 20 de junho.

Shahzada Dawood é reconhecido por seu papel como curador do Instituto Seti, uma proeminente organização de pesquisa baseada na Califórnia, e como vice-presidente da Dawood Hercules Corporation, uma entidade do Dawood Group, um importante conglomerado familiar.

O comunicado reforçou que a comunicação com o submarino ainda está interrompida. “As informações disponíveis são limitadas no momento”, afirmou a declaração.

Expressando gratidão pela preocupação de colegas e amigos, a família Dawood pediu orações pela segurança de Shahzada e Sulaiman, e pediu respeito a privacidade de todos durante este período.

• Stockton Rush

Finalmente, a fonte revelou que o quinto passageiro era Stockton Rush, CEO e fundador da OceanGate, a empresa responsável pela viagem. Rush é conhecido por suas contribuições significativas para a tecnologia marinha emergente, através de seu trabalho com a OceanGate Foundation.

Com o contato perdido com o submarino, um esforço de resgate está em andamento, com a participação de diversas agências governamentais e empresas de exploração em águas profundas. A busca para estabelecer o contato e trazer os passageiros de volta com segurança continua.

OPERAÇÃO DE BUSCA É DESAFIADORA

A Guarda Costeira dos Estados Unidos tem enfrentado uma operação complexa e desafiadora para encontrar o submarino desaparecido, conforme afirmou o contra-almirante John Mauger em uma conferência de imprensa em Boston, na segunda-feira, 19 de junho. O alto oficial esclareceu que a operação tem sido realizada em uma área remota, mobilizando todos os recursos possíveis para localizar a embarcação e realizar um resgate seguro dos tripulantes.

O perímetro de busca abrange uma região quase 1450 quilômetros a leste de Cape Cod, com profundidades aproximadas de 4.000 metros, tanto na superfície quanto no subsolo marinho.

OXIGÊNIO EM CONTAGEM REGRESSIVA

Sob a pressão do tempo, o submarino conta com reservas de oxigênio para um período máximo de 96 horas para uma tripulação de cinco pessoas. O contra-almirante Mauger estimou que, no final da tarde desta terça-feira, restam apenas 40 horas de oxigênio.

As buscas aéreas, ainda sem resultados na segunda-feira, foram suspensas durante a noite, de acordo com o informe da Guarda Costeira. No entanto, o navio “Polar Prince”, que deu início à expedição do submarino, e uma unidade da Guarda Nacional mantiveram as buscas na região durante a noite.

A Guarda Costeira mobilizou dois aviões, um C-130 americano e um P8 canadense, ambos equipados com sonar capaz de detectar submarinos, para auxiliar nas buscas.

A OceanGate Expeditions, em comunicado, assegurou que está explorando todas as opções para realizar um resgate seguro da tripulação. A empresa opera o submarino “Titan”, destinado a expedições de até 4.000 metros de profundidade, conforme informado em seu site.