“Além da Ilusão” tem direção de Luiz Henrique Rios

Por - 07/02/22 às 01:30

Luiz Henrique RiosFoto: Tomás Arthuzzi/Globo

Formado em Ciências Sociais, com especialização em Antropologia, Luiz Henrique Rios é diretor na Globo desde 1994, quando dirigiu a novela “Quatro por Quatro”, de Carlos Lombardi. Esteve à frente ainda de tramas de destaque como “Corpo Dourado” (1998), “Belíssima” (2005), “Da Cor do Pecado” (2004), “Passione” (2010), “Totalmente Demais” (2015), “Pega Pega” (2017), “Pais de Primeira” (2018) e “Bom Sucesso” (2019).

Ele explica qual o principal conceito de “Além da Ilusão”, definida como uma história de encantamento, amor e esperança: “Simplicidade. É beleza e fluidez. É uma narrativa mais leve, solta. Quero que as pessoas achem gostoso de assistir, que sintam. E tem o encantamento, que faz com que a gente construa essa ideia de uma novela mais alegre, colorida, bela. De alguma maneira, queremos dar para as pessoas uma sensação de esperança e romantismo. É isso que estamos construindo através de uma luz e de um ambiente que dê alegria e, ao mesmo tempo, uma sensação de magia nessa imagem”, diz.

Luiz Henrique Rios destaca que “Além da Ilusão” é uma história passada há tempos, mas que, na verdade, é muito próxima do nosso presente.

A época é pano de fundo, tem uma grande força do feminino e uma discussão profunda sobre verdade e mentira. Uma questão de restauração, que é a busca da justiça, que se dará pelo amor. O público também vai refletir, por meio do encantamento, sobre a aceitação do outro, o encontro e sobre o feminino transformando o mundo”.

O diretor aponta os desafios na abordagem desse período do Brasil, entre as décadas de 1930 e 1940: “O Brasil está se modernizando, a gente está saindo das estruturas mais arcaicas. De alguma maneira, o país está mudando. As mulheres estão ganhando força. É muito mais esse conceito — o Brasil está mudando — do que exatamente uma discussão sobre o quadro. Isso é citado, existe no interior e no cotidiano das personagens”, diz.

“Quando a gente entra em 1944, o Brasil entrou na Segunda Guerra. Então, iremos à guerra. É mais importante para a gente a visão de como esses personagens vão ser afetados na guerra e como o esforço de guerra afeta a possibilidade de uma indústria têxtil ficar mais forte. Estou contando a história de famílias no Brasil naquele tempo.

O profissional ainda exalta a parceria com a autora da novela, Alessandra Poggi, com quem trabalha pela primeira vez: “Vamos construir uma novela linda”.

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PREPARAÇÃO DE ELENCO EM TEMPOS DE PANDEMIA

Luiz Henrique Rios faz questão de ressaltar a união e dedicação de todos na preparação do elenco, ainda em tempos de pandemia. Ele acredita que isso contribui para o sucesso da novela.

“Estamos todos voltando de um afastamento importante por conta de uma grande tragédia humana. Tive que fazer essas pessoas conviverem de uma maneira muito intensa e construírem o espírito de corpo e confiança, porque a pandemia não acabou. O primeiro momento foi de construção de relações. Sensibilizar novamente as pessoas a estarem com outras, porque nós estamos com medo uns dos outros. Estamos com dificuldade de nos ver e nos tocar, porque precisamos nos proteger. Isso também diz respeito a mim, aos meus diretores e a todos nós”, destaca.

“Achei que essa experiência, com todos juntos, pudesse ter uma troca muito interessante. Para a autora poder conhecer todo mundo sem máscara, a convidamos para abrir nosso workshop e ela quis participar. Foi uma coisa muito linda, porque nos divertimos juntos. Depois passamos umas quatro semanas na preparação, com leituras, testes de cena, entre outras atividades”.

Foto: Maurício Fidalgo/ TV Globo

MÚSICA BOA E REGRAVAÇÃO

Os personagens exaltam muitos artistas da época, principalmente músicos, como Pixinguinha, Noel Rosa, Orlando Silva. Além disso, é o período da Era de Ouro do rádio no Brasil (anos 40-50). O dietor de “Além da Ilusão” explica como foi a escolha da trilha sonora.

“Tem duas coisas. Tem aquilo que acontece na novela, que é o tempo da novela. Então, eu ligo um rádio em cena e tocará música daquela época. Eu coloco um disco e toca outra, mas essa não será a trilha sonora da novela. A trilha sonora vai de músicas de época à modernas. Tem uma ou outra música clássica, como ‘Rosa’, tema de amor da Elisa (Larissa Manoela) com o Davi (Rafael Vitti), que é uma valsa do Pixinguinha cantada pela Marisa Monte. A trilha é feita de músicas de grandes tempos, sendo algumas regravadas, outras até originais.

Luiz Henrique Rios ressalta, por fim, o que o público pode esperar da nova trama das 18h: “Essa novela conversa muito sobre esse lugar da força das relações, de como se estabelecem. E não deixa de ser uma parábola temporal, porque, se você pensar, a virada do Brasil agrário é uma mudança cultural, de estrutura e de pensamento muito grande. Uma discussão de que a gente está saindo de um mundo fabril para um digital. Com mais delicadeza, a gente está se adaptando a uma mudança cultural de tempo e espaço. Então, estamos fazendo uma grande parábola sobre o tempo de agora, usando o passado”. 

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino


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