Marcos Palmeira: “Pantanal precisa de tratamento urgente”
Por Redação - 15/04/22 às 15:28
No papel principal de “Pantanal”, com o personagem José Leôncio, Marcos Palmeira contou à revista Veja Rio desta semana que ficou surpreso com o convite para integrar o elenco do remake que havia feito 32 anos atrás, na qual interpretou o jovem Tadeu na extinta TV Manchete. Não pela escolha, mas, segundo o artista, por causa da idade. O ator está com 58 anos.
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“O que me surpreendeu foi, aos quase 60 anos, ser chamado para um papel de protagonista como este. É um privilégio para um ator ter a possibilidade de fazer um mergulho mais profundo numa obra da qual já tenha participado, na pele de outro personagem”, disse.
Outra surpresa, essa não tão agradável para o ator, foi voltar ao Pantanal três décadas depois e se deparar com um cenário muito diferente do que havia visto no passado. “É interessante pensar nessa perspectiva do tempo para notar o que mudou. Na primeira versão da novela, a região era um pântano. As cenas de banho eram feitas em salinas cristalinas, que nem existem mais. Tinha muita água por todo canto, hoje é seco e árido”, contou.
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O protagonista da atual novela das 21h disse, ainda, que reparou mudanças na fauna. “A quantidade de bichos agora é bem menor, e eles aparecem em horários incomuns. Nas árvores, não se vê mais o ninhal, o refúgio das aves para descansar e reproduzir”, disse. “O Pantanal virou um protagonista doente, que precisa de tratamento urgente”, acrescentou.
Apesar de saber que a novela pode ajudar a jogar uma luz sobre o problema, Palmeira disse que acredita que a questão está fortemente ligada à política, e que para que seja resolvida, é preciso antes enfrentar uma grande batalha. “O meio ambiente e a classe artística estão sendo massacrados. Criou-se uma retórica de que nós, artistas, roubamos do Estado, e que o meio ambiente impede o desenvolvimento econômico”, disse.
Questionado se a questão seria um subproduto da popularização da política, o ator afirmou que “as pessoas estão com pouca escuta”. “Se alguém faz uma crítica ao PT, dizem que a pessoa está defendendo Bolsonaro. Se fala mal do Bolsonaro, dizem que é petista. Discutem-se soluções muito pouco e o debate se restringe a quem é o bom e o mau”, disse ele.
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Com mais de quarenta filmes e quase cinquenta novelas e séries no currículo, Marcos Palmeira revelou que viveu momentos de crise na carreira e que a questão aconteceu quando integrou o elenco de “Celebridade”.
“Todo ator sonhava ser protagonista de Gilberto Braga. E chegou o meu momento, veio o questionamento: é isso mesmo o que eu quero? Achava que tinha ficado muito engessado na figura do galã. Então, viajei para a França para fazer o curso da Delphine Eliet e, na volta, procurei o Amir Haddad para fazer uma peça. Descobri que a desconstrução que eu buscava estava dentro de mim. Eu precisava descobrir novos caminhos para a minha carreira”, concluiu o ator.
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