“Virou piranha após dar volta por cima”, diz Ângela Leal, sobre Maria Bruaca
Por Redação - 19/06/22 às 12:33
Quem acompanhou a história da mulher submissa que deu a volta por cima na versão original de “Pantanal” também se deliciou com a interpretação de Ângela Leal como Maria Bruaca em 1990. Em conversa com a jornalista Patrícia Kogut, do jornal O Globo, a atriz diz que vê diferenças na percepção dos telespectadores daquela época e de hoje em dia.
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“Muitas coisas mudaram desde então, começando pelo fato de que a internet nem existia direito. Naquela época, a mulher de 43 anos era considerada velha. A Bruaca é fruto de um período em que o preconceito estrutural estava instaurado. Então, o substantivo Bruaca virou uma chacota, um adjetivo como a bichinha, a galinha, a piranha, aquelas coisas que o preconceito estrutural permitia. E, para mim, é uma grande felicidade perceber que depois de 32 anos a sociedade evolui em vários pontos desse assunto”, começou.
“Tenho certeza de que a Bruaca daquela época contribuiu, e muito, para a luta do feminino. Para o machismo, para a ‘homarada’, a Bruaca virou piranha quando deu a volta por cima. Já as mulheres levavam um choque elétrico. Imagine o mal-estar que era ‘uma Bruaca’ com o marido assistindo à novela juntos, naquela época? Eu recebi muitas cartas de mulheres que queriam falar disso, mulheres que estavam se juntando para discutir esses temas. Grande parte das mulheres de então era Bruaca. Hoje, elas ainda existem, mas menos. E a briga é mais clara. Tanto que o público a apoia majoritariamente”, afirmou.
Ângela Leal contou que até mesmo o pai da personagem, o autor Benedito Ruy Barbosa, não acreditava que Bruaca fosse ter um enorme destaque na história.
“O Benedito disse que a Bruaca era o único personagem da novela que tinha fugido das mãos dele. O que é normal para um autor escrevendo novela. Quando ele me chamou para fazer, a Bruaca era definida como uma mulher submissa que descobriria a traição e ficaria muita louca. Mas não estava claro como nem por qual caminho ela ia seguir, se ia ficar chorando pelos cantos ou qualquer outra coisa. E deu uma reviravolta muito incrível, de repente, pôs a Bruaca em situações muito difíceis. Vira chalaneira, depois vai para a tapera da Juma. Tudo isso tornou a personagem emblemática. Sinto um orgulho muito grande por ter feito essa Bruaca. Ela preenche essa minha vontade de, como atriz, trabalhar para o bem da sociedade”, disse a atriz.
CASTRAÇÃO DE ALCIDES
Ângela Leal não pôde deixar de relembrar o sucesso da novela e uma das cenas mais emblemáticas da trama: a castração de Alcides, na época interpretado pelo ator Ângelo Antônio.
“Ficávamos muito isolados, dificilmente vínhamos para o Rio. Aí, percebíamos quando íamos viajar, estávamos no aeroporto etc. Não era Globo ,era Manchete, então, não podíamos imaginar que o resultado seria aquele. O Benedito ainda me castra o Alcides. Esse capítulo, se vocês pesquisarem, acho que foi o maior Ibope da novela. Foram oito horas de gravação, há 32 anos. Não tínhamos todos esses recursos. Essa cena quase quebra o telefone da Manchete. Teve gente indo para a porta da emissora dizer que ele não podia fazer isso com a pobre da Bruaca. E foi realmente chocante. Ele era castrado, o Tenório mostrava o pênis dele e no fim ele apareceu dizendo que não tinha cortado. Imagino que façam diferente desta vez, um corte pequeno ou coisa do tipo, porque realmente ficou confuso”, contou a atriz.
AMOR VERDADEIRO
Ângela Leal ainda elogiou a interpretação que Isabel Teixeira vem fazendo da personagem no remake e disse não dúvidas de que Alcides era o amor verdadeiro de Bruaca.
“A Isabel está excelente também. Tem um charme, uma malemolência. A minha era um pouco mais dura, mais grave… Quando ela transa com o Levi, saí desesperada para o banho aos prantos, por arrependimento. Isso não tinha no texto, foi uma sugestão minha em consenso com a direção. Isso no fim até fortalece a coisa do Alcides ser mesmo um amor verdadeiro. Com ele, ela não se arrepende”, afirmou.
“LIGUEI PARA A MANCHETE INTEIRA”
A atriz encerrou a entrevista falando da estreia da filha, Leandra Leal, como filha de Juma (Cristiana Oliveira), em “Pantanal”.
“Eu que tive a ideia. Estava em Cuiabá e telefonei para a Manchete inteira até convencer todo mundo. Até com o Adolfo Bloch eu falei. Foi a coisa mais emocionante eu poder apresentar aquele mundo para a minha filha. E ela fez tão bonitinho, até com sotaque. Para uma criança de 8 anos, viver aquilo tudo, tomar banho no rio, brincar na natureza, imagino que tenha sido uma experiência e tanto”, concluiu.
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