BBB21: Reality vira assunto em artigo de revista famosa nos Estados Unidos
Por Redação - 29/03/21 às 19:22 - Última Atualização: 6 abril 2021
No último domingo (28), a formação do Paredão no Big Brother Brasil 2021 virou o famoso "fogo no parquinho" quer o público gosta de vez em quando. Assim que a dinâmica do voto aberto e dos contragolpes se encerraram, Sarah e Rodolffo realizaram uma "lavação de roupa suja", com a loira magoada pelo sertanejo ter votado nela. No final das contas, com o jogo Bate e Volta, os dois foram para a berlinda com Juliette, indicada do Líder Arthur.
Por outro lado, o site da revista americana Variety, famosa no universo do entretenimento, publicou um artigo inédito sobre o BBB! Escrita pela brasileira Augusta Saraiva, formada em jornalismo pela Universidade Northwestern Medill, também nos Estados Unidos, a matéria analisa a reformulação do programa e as discussões sociais que passaram a ganhar grande atenção graças ao alcance da atração.
De início, é citada a desistência de Lucas Penteado logo depois dos questionamentos levantado dentro da casa após o beijo entre ele e Gilberto. O primeiro beijo gay do reality show e entre dois homens negros.
"Em fevereiro, o público do Big Brother Brasil testemunhou o primeiro beijo gay no reality show em duas décadas de existência na América do Sul."
"Mas horas depois de se assumir bissexual por beijar um outro homem
negro ao vivo na televisão, Lucas Penteado deixou o programa: 'Eu tentei ser eu mesmo de todos os jeitos', disse o ator de 24 anos, que enfrentou intenso backlash [termo em inglês para expressar o sentimento de um grupo em reação a uma mudança ou evento] dos outros competidores por conta do beijo."
Na sequência, a jornalista lembrou da reação de Lumena para exemplificar a reação de mais confinados que também são da comunidade LGBTQIA+ e duvidaram da intenção do beijo, acusando Penteado de uso da bandeira para benefício próprio.
Lembrada, Karol Concá entrou para a reportagem, que conversou com representantes da TV Globo e até mesmo Rodrigo Dourado, diretor geral do BBB, ao ser lembrada pela alta taxa de rejeição e as acusações de abuso psicológico contra Lucas.
"Depois do beijo, a cantora […], que criticou a bissexualidade de Penteado, acreditando ser falsa, e foi acusada repetidamente por abuso psicológico contra ele, foi eliminada do programa com 99.17% dos votos, a maior porcentagem para um competidor no programa. Uma semana depois, Lumena também foi eliminada."
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Um palco para questões importantes
Há 21 anos no ar, o Big Brother Brasil passou por diversos momentos da sociedade brasileira e os formatos, os perfis dos participantes passaram por mudanças. Uma delas foi Jean Wyllys, que venceu a edição de 2005. Assumidamente gay, o jornalista, foi a figura que ilustrava da conexão do BBB com "os debates políticos". Anos depois, ele entrou para a política sendo "o primeiro representante pelos direitos LGBTQIA+ no Congresso Nacional" como deputado federal.
Hoje, "depois dos debates sobre feminismo e racismo", da edição de 2020, "a atual temporada foi estrategicamente planejada para incluir um grupo racial e sexual diverso", lembrou Augusta. "Nove dos 20 participantes se identificam como 'afro-brasileiros e outros tantos são mebros da comunidade LGBTQIA+."
Mas ao abordar tais pautas, a emissora cresce, atinge milhares de pessoas, alcança marca inimagináveis.
“A Globo tem feito um maravilhoso trabalho em manter a marca renovada e procura novos caminhos para engajar a audiência", concluiu Laurens Drillich, presidente da Endemol Shine Latino, produtora e licenciadora da franquia do Big Brother no Brasil.
E os dados não mentem! De acordo com o artigo, o BBB tem ajudado na audiência da Globo, elevando os picos aos melhores números em uma década.
"O dia em que Conká foi eliminada, a Globo obteve 63% da audiência nacional. No geral, 40 milhões de pessoas – quase um quinto da população de 211 milhões do Brasil – assistem ao reality show todos os dias, o que representa 5,5 milhões de telespectadores diários a mais do que no ano passado", contou a emissora para a Variety.
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Entretanto, Wilson Gomes, professor de Teorias da Comunicação na Universidade Federal da Bahia, apontou que o reality não só coloca uma luz sobre as importantes discussões como ainda mostra a "guerra de identidade" que acontece no País, refletindo cada vez mais as “comunidades fragmentadas” emergentes.
“Inevitavelmente, situações e discussões que fazem parte do dia a dia acontecem dentro da casa”, disse Rodrigo Dourado. “São pessoas reais falando sobre temas reais, com diferentes culturas, gostos e experiências. Tudo isso ajuda a criar a originalidade de um [reality show]", pontuou ele.
A receita dessa originalidade respingou ainda sobre os boatos acerca da preparação de Fiuk para entra no BBB.
"Dias antes do Big Brother Brasil estrear, veio à tona que um participante masculino e branco havia estudado sobre o feminismo. O mesmo participante foi, mais tarde, acusado de ‘mansplaining’ [o ato de um homem explicar algo que uma mulher já sabe]."
O psicólogo Bruno Branquinho aproveitou o espaço a fim de reforçar que "é importante o que vem acontecendo no reality show", porém, as discussões sobre gênero, cor e sexualidade “não começaram no Big Brother Brasil. Elas estão ganhando muita atenção, mas fazem parte da conversa nacional por anos."
A influência política
De favorita a perto de deixar a competição milionária, Sarah Andrade falou que gostava do Presidente Jair Bolsonaro. "Na mesma ocasião, ela disse: 'Não vou falar disso, evitando ser alvo de votação e, consequentemente, eliminação. 'Não vou falar de política', ela adicionou."
Os números de seguidores da brasiliense caíram. Quando ela soltou que levou bronca da produção por ter ido à festas durante a pandemia, em 2020, a popularidade abaixou ainda mais. Passou a jogar contra Juliette, favorita dos espectadortes? Aí perdeu ainda mais apoio.
Para finalizar, a reportagem conversou com Cristiane Moreira, professora de Psicologia na Universidade Católica de Petrópolis, que atribuiu ao comportamento dos competidores em falarem mais do que o necessário a constante vigilância sobre eles a parttir das câmeras.
“Você pode controlar o seu comportamento, mas haveránum momento no qual abaixará a sua guarda e vai normalizar a situação. Eles estão confinados por cerca de dois meses e são vigiados até nos banheiros. Os participantes atuam, mas não podem fazer isso o tempo todo."
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