Entrevista: The Ten Tenors revelam tudo sobre show de 28 anos de carreira no Brasil

Por - 28/09/23 - Última Atualização: 27 setembro 2023

Foto dos The Ten Tenors, posada, com fundo brancoFoto: Divulgação

Os The Ten Tenors estão de volta ao Brasil! Eles comemoram 28 anos de história este ano, com a turnê “Greatest Hits Live”. Neste novo espetáculo, os 10 tenores mais carismáticos e talentosos do mundo apresentarão grandes sucessos com empatia, qualidade vocal excepcional e coreografias espetaculares no estilo Broadway.

Os The Ten Tenors estão ansiosos para compartilhar sua magia com o público brasileiro mais uma vez, prometendo emocionar a todos os espectadores. O repertório da turnê inclui músicas que marcaram a trajetória do grupo e foram aplaudidas pelos fãs ao redor do mundo, como “Amigos Para Siempre,” “Aranjuez,” “Bohemian Rhapsody,” “Brindisi,” “Funiculì Funiculà,” “Granada,” “Proud Mary,” “Nessun Dorma,” “Unchained Melody”, entre outras.

The Ten Tenors no palco
Foto: Divulgação

As apresentações dos The Ten Tenors acontecerão em várias cidades brasileiras, com destaque para o Palácio das Artes, em Belo Horizonte nesta quinta-feira, 28 de setembro; o Theatro Municipal do Rio de Janeiro nos dias 29 e 30 de setembro; o Espaço Unimed em São Paulo no dia 1º de outubro, e o Teatro Guaira em Curitiba, no dia 6 de outubro.

OFuxico entrevistou o tenor Boyd Owen, que contou sobre a emoção de cada show, a grande festa que é se apresentar no Brasil as mudanças após a fase crítica de isolamento por causa da Covid-19, entre outros assuntos.
Confira:

OFuxico – Como é comemorar 28 anos de estrada com shows no Brasil?

Boyd Owen – É incrível pensar que os Ten Tenors têm se apresentado como um grupo por 28 anos. Nesse tempo, viajamos por todo o mundo, e sentimos que era realmente hora de voltar para a América do Sul. Portanto, nossa turnê deste ano, assim como a do ano passado, faz parte dessa jornada. Acreditamos que este show representa as músicas favoritas do público de milhares de shows que fizemos ao longo dos anos. Claro, se cantássemos todos os sucessos desse período, o show teria duração de 6 horas!

Ao visitar o Brasil, observei algumas das semelhanças entre nossos países e culturas – ambos gostamos de uma grande festa! O público no Brasil é tão caloroso em suas expressões de alegria e diversão, e eles cantam e dançam no meio de um show – adoramos ver isso do palco. Portanto, será uma alegria para nós celebrar um marco incrível de 28 anos aqui no Brasil com nosso show ‘Greatest Hits Live’.

OFuxico – Gostaram do Brasil, depois de virem por aqui em 2022 pela primeira vez?

Boyd Owen – Crescendo na Austrália, o Brasil sempre pareceu um lugar distante e emocionante, quase como um sonho. O Brasil tem de tudo – as exuberantes florestas tropicais da Amazônia, o deserto do Sertão, as belas praias do Rio e a rica cultura de São Paulo. Da mesma forma, imagino que as crianças que crescem no Brasil pensem que a Austrália seja tão misteriosa e cativante. Nossos países estão tão distantes que leva um dia inteiro para voar de um para o outro.

Tenho tantas lembranças queridas da minha primeira visita aqui. Nunca vou esquecer o momento em que nosso grupo se apresentou no programa do Faustão, em São Paulo. Conhecer ele e fazer parte de seu animado programa com todos os outros artistas e dançarinos foi realmente incrível. Somos grandes fãs da música brasileira, e pessoalmente, eu adoro o samba, as vibrações festivas do Carnaval e os sons suaves da bossa nova.

O que realmente me deixou maravilhado foi o tamanho impressionante das cidades brasileiras. São Paulo, por exemplo, parece estar abrigando metade da população da Austrália em uma única cidade! Também não conhecíamos a famosa comida brasileira. Tivemos o Churrasco mais incrível, nos apaixonamos instantaneamente pelo Pão de Queijo e tivemos festas pós-show fantásticas com muitas Caipirinhas. Estamos fazendo a contagem regressiva para podermos fazer tudo isso novamente.

The Ten Tenors cantando no palco
The Ten Tenors cantando no palco – Foto: Divulgação

OFuxico – O que podem citar que marcou esse tempo de carreira?

Boyd Owen – Este é um momento muito interessante para toda a indústria da música, à medida que saímos das experiências difíceis da pandemia de COVID-19. Houve muitas mudanças significativas na forma como trabalhamos, na maneira como nos comunicamos com o público e na maneira como pensamos na vida em geral. Estou ansioso para ver qual será o próximo capítulo para mim, especialmente no mundo da ópera. Venho de uma formação clássica e estarei retornando a diferentes regiões onde já me apresentei muito no passado. Por exemplo, os Estados Unidos, onde eu estava baseado antes da pandemia, e também voltando à China, onde farei muitas apresentações e estudos para um mestrado/doutorado. Além disso, mais recentemente, na Austrália, fiz parte de uma maravilhosa produção com a Melbourne Opera de “Maria Stuarda” de Donizetti, uma ópera que aborda a turbulenta vida de Maria, Rainha dos Escoceses, e seus relacionamentos com a Rainha Elizabeth I da Inglaterra.

OFuxico – Quais principais canções que teremos nesse grande show?

Boyd Owen – No nosso espetáculo, vamos apresentar algumas melodias clássicas queridas que todos conhecem e apreciam, como “Nessun Dorma”, “Granada” e “Brindisi” da ópera “La Traviata de Verdi”. Também estamos adicionando um toque da cultura australiana à nossa apresentação no Brasil com canções australianas bem conhecidas, como “Love is in the Air” e “Land Down Under”. Nosso grupo é composto por dez vozes, cada uma com sua própria formação musical. Alguns têm inclinação para o rock, pop ou teatro musical, enquanto outros, como eu, têm um estilo mais operático. Essa diversidade nos permite oferecer interpretações únicas de clássicos como “Bohemian Rhapsody” e “Hallelujah” de Leonard Cohen.

No ano passado, surpreendemos nosso público durante nossos shows e, quando aparecemos no Faustão, ao cantar “Mas Que Nada”. Este ano, temos algo especial preparado – um arranjo exclusivo de outra famosa canção tradicional brasileira, criada especialmente para esta série de concertos. Qual é essa música, você pergunta? Bem, essa é uma surpresa que você terá que descobrir por si mesmo no nosso show!

OFuxico – A emoção de subir aos palcos juntos, por todo esse tempo, como é? Dá frio na barriga ainda?

Boyd Owen – Há um momento muito especial no início de cada show, quando já colocamos nossos trajes, aquecemos nossas vozes e nossos corpos, e estamos prestes a começar o espetáculo. Preparamos nossos microfones ao lado do palco, e as luzes ainda estão acesas no teatro ou na sala de concertos. Podemos ouvir o burburinho da plateia; todos sabem que estamos prestes a ter um momento muito especial juntos nas próximas horas. Tenho uma ideia muito simples e especial quando subo ao palco para me apresentar: através da minha música, quero mudar o público. Espero que, independentemente do que eles estejam vivendo em suas vidas naquele momento, eu possa ajudá-los a se conectar consigo mesmos e a experimentar o que precisam, seja um momento de alegria e leveza, talvez eles precisem derramar uma lágrima e ter um momento para lamentar algo profundamente – todas essas experiências são o que nos tornam humanos, e elas são importantes. Dessa forma, espero que o público possa experimentar um momento transcendente e sentir uma mudança em si mesmos. Isso é o poder da música e do teatro para mim. Portanto, devido a tudo isso e depois de tantos anos de apresentações, eu não fico mais tão nervoso – eu me sinto energizado e empolgado.

OFuxico – O que vem de novo por aí com vocês?

Boyd Owen – Após nossos concertos em todo o Brasil, faremos um concerto final no Chile antes de voltarmos para a Austrália. Em seguida, teremos algumas semanas de folga antes de um dos meus momentos favoritos do ano – o Natal. Há alguns anos, lançamos um álbum de Natal especial com alguns dos arranjos mais bonitos dos nossos 28 anos, e é um dos meus shows favoritos para realizar. Faremos uma turnê pelo nosso país de origem, a Austrália.

OFuxico – E qual será o róximo projeto?

Boyd Owen – Para mim, o próximo grande projeto é dedicar-me aos estudos. Anteriormente, morei e trabalhei em Xangai, na China, por cerca de 8 anos. Estive envolvido com os estudantes do conservatório lá por um longo tempo, e fui convidado de volta ao Conservatório para concluir meu mestrado/doutorado em Música, o que é muito empolgante para mim, especialmente porque amo meu tópico de pesquisa. Estou pesquisando a interação entre as respostas fisiológicas e psicológicas exibidas pelos artistas enquanto se preparam e realizam apresentações, explorando as distinções na regulação ou desregulação do sistema nervoso durante momentos caracterizados por um estado de ‘fluxo’ criativo versus situações em que a ansiedade de desempenho prevalece. Espero que as descobertas ofereçam insights valiosos para outros artistas (e para mim mesmo) sobre as últimas descobertas científicas que podemos usar para alcançar o que desejamos em nossas apresentações.

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