Lula demite Ana Moser do posto de Ministra do esporte. Entenda tudo!

Por - 09/09/23

Anna Moser abraçada ao presidente Lula, ambos sorrindoAnna Moser foiaministra que ficou o período mais curto no Ministério dos Esportes - Foto: Ricardo Stuckert

Ana Moser é pessoa que menos tempo ocupou o cargo de ministra dos esportes: apenas 248 dias. A ex-jogadora de vôlei foi demitida. Atleta olímpica, ela havia sido escolhida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um nome técnico para a pasta que, além do que esporte de alto rendimento, administra também iniciativas de incentivo à atividade física em todo o país.

Apesar disso, não sobreviveu à pressão do Centrão, que exigiu a nomeação do deputado André Fufuca em seu lugar. Primeira mulher a ocupar o cargo, a ex-integrante da seleção brasileira e medalhista olímpica de 54 anos, não é filiada a nenhum partido político.

Antes de Ana Moser, todo os outros ministros que ficaram menos tempo no cargo ou eram interinos ou deixaram o cargo por outros motivos, como o término do mandato do presidente. A pasta existe desde 1995.

Ministras defendem Ana Moser

Anielle Franco, Ministra da Igualdade Racial, chamou ex-jogadora de “ídola” e relembrou as ações que realizaram em parceria contra o racismo no esporte. “Muito obrigada por tanto. Seguimos juntas em qualquer lugar que estiver”, escreveu.

Cida Gonçalves, do Ministério das Mulheres, destacou que a a jornada no Esporte foi “admirável” e falou sobre avanços que a ministra trouxe para o futebol feminino no Brasil. “Tenho certeza que nos encontraremos em futuras parcerias”, disse.

Ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck disse que trabalhar com Moser foi “uma honra”. A ministra também afirmou que sua ex-colega “encara o esporte enquanto atividade capaz de transformar a sociedade”. …Ana Moser afirmou que que sua demissão representa um “abandono do esporte”. 

Notas de repúdio

Após Lula (PT) ter comunicado que demitiria a ministra do Esporte, o coletivo “Esportes Pela Democracia” emitiu uma nota de repúdio. O movimento fundado por atletas como Raí e Isabel Salgado, cobrou o presidente sobre suas promessas de campanha, quando afirmou que trataria o esporte como um “instrumento de inclusão e transformação social”.

Sem citar nominalmente o sucessor, o deputado federal André Fufuca (PP-MA), o Esportes Pela Democracia afirma que Lula abriu mão de Moser para atender pressões políticas.

“Mais uma vez, o esporte serve de moeda de troca, atendendo a interesses políticos que, sabemos, não dão a menor importância para os valores que defendemos”, diz o coletivo. 

Nomes como os ex-jogadores Raí, do Futebol, e Hortência Marcari, do basquete, foram às redes para engrossar o movimento “Ana Moser Fica”.

A organização “Atletas pelo Brasil” e a “Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil” (COB) também emitiram nota de apoio a Ana Moser.

Ainda durante a campanha presidencial em 2022, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em encontro com representantes da área, disse que era necessária uma “revolução” na política pública de esporte, uma que ajudasse a “construir uma boa política de esporte para este país, da infância até a terceira idade”. É justamente isso que a ministra Ana Moser tem se dedicado a fazer desde o início de sua gestão, mesmo com uma equipe reduzida e recursos escassos. É imperioso notar que, não fosse ela, não seria este o rumo da política de esporte”, diz a nota.

Lamentamos que, menos de um ano depois, em nome de uma pretensa governabilidade, o governo do presidente Lula possa vir a romper com seu discurso e promessas e, colocando o Ministério do Esporte na mesa de negociações políticas, aniquile toda e qualquer possibilidade de que a política de esporte que o Brasil precisa seja efetivamente implementada. O esporte não é moeda de troca. Nos sentimos envergonhados e desprestigiados, vendo que o esporte no Brasil continua sendo encarado como algo menor. A ministra Ana Moser tem o nosso apoio e o da comunidade esportiva para continuar avançando rumo às mudanças necessárias na estrutura da política pública de esporte do país” criticou o texto.

O que significa Centrão?

O termo “centrão” foi usado em 1988 para designar os parlamentares que formavam maioria na Assembleia Constituinte que deu origem à atual Constituição. Porém, o Centrão atual passou a ter destaque a partir de 2014, quando, sob o comando de Eduardo Cunha (MDB-RJ), atuou para elegê-lo presidente da Câmara dos Deputados.

O Centrão é formado por vários deputados de diferentes partidos, que se unem para conseguir maior influência no parlamento e defender, de modo conjunto, seus interesses.

A maior parte das legendas não tem uma atuação ideológica clara (apesar de serem classificadas como de centro e centro-direita em muitas ocasiões) e estão dispostas a negociar apoio ao Executivo em troca de cargos na administração pública.

Por conta disso, o Centrão é associado por muitos à “velha política” e ao fisiologismo – ou seja, a atuação visando ganhos dos partidos e dos políticos, independentemente de ideologias e do interesse público.

Pelé já foi ministro dos esportes

O Ministério do Esporte foi criado no governo Fernando Henrique Cardoso, que indicou Pelé para o cargo. O Rei do Futebol permaneceu no cargo durante todo o primeiro mandato de FH.

No segundo mandato, a pasta foi renomeada para Ministério do Esporte e do Turismo. Rafael Greca, atual prefeito de Curitiba, foi o mais breve no cargo, com 1 ano e cinco meses no posto.

Nos mandatos petistas, a pasta foi recriada com o nome atual e teve Agnelo Queiroz, Orlando Silva e Aldo Rebelo, que ficaram quatro anos cada no cargo.

Com a posse de Temer, o indicado foi Leonardo Picciani, do MDB, que permaneceu por 23 meses no cargo. O Ministério foi extinto durante todo o governo Bolsonaro, quando foi incorporado ao Ministério da Cidadania.

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino