‘The Boys in the Band‘ será o ‘tapa na cara’ que o Brasil precisa sobre gays e preconceito

“Eu espero que as pessoas saiam movidas. Se saírem transformadas, acho que já é um grande objetivo! Questionando as diferenças, questionando como nos queremos ser juízes o tempo todo. Como somos ruins nos nossos preconceitos. Se ela puder sair reflexionando sobre o respeito, o amor, é a oportunidade de dizer: ‘Eu te amo!’, para a pessoa que você ama. Acho que vai ser incrível”, reflete Tiago Barbosa, sobre como deseja que as pessoas saiam das sessões da sua nova peça: “The Boys in the Band” (Os Garotos da Banda), em que interpreta um dos protagonistas.

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Ser gay nunca foi fácil, principalmente em uma época em que os pensamentos culturais ainda não haviam se desenvolvido tanto quanto hoje, como na década de 60. E é exatamente essa luta que o espetáculo “The Boys in the Band” se aprofunda de forma brilhante, carinhosa e dolorosamente.

Além de Tiago, que bateu um papo com OFuxico, o espetáculo,  que estreia no dia 31 de outubro, conta com estrelas como Bruno Narchi, Caio Evangelista, Caio Paduan, Heber Gutierrez, Heitor Garcia, Júlio Oliveira, Leonardo Miggiorin, Mateus Ribeiro e Otávio Martins. A direção ficou por conta de Ricardo Grasson.

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Enredo

Primeiro, temos que entender o impacto histórico de “The Boys in the Band”, já que a peça foi considerada a primeira montagem com temática abertamente gay no mundo. Essa é segunda versão brasileira, 53 anos após a produção de 1970, estrelada em São Paulo, no auge da ditadura militar.

Agora, a peça vem em um momento ‘pós-eleições’, marcada por uma bipolaridade de opiniões conservadoras e liberais, e promete mostrar um grupo de amigos gays que se reúnem para comemorar o aniversário de um deles. Todo a trama se passa em Nova York e navega por questões como sexualidade, preconceito, e assuntos que, ao decorrer da noite, se complicam cada vez mais.

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Tiago se aprofundou na história: “A peça fala muito sobre o período antes da AIDs”, e deu detalhes sobre outras figuras e acontecimentos históricos que farão parte da construção do seu personagem, Bernardo, como Martin Luther King, o movimento Panteras Negras, James Baldwin: “Não tem como não trazer isso para esse Bernardo, não trazer esse cara empoderado, não trazer esse homem preto gay de 1968 empoderado, com muita sede de justiça”.

Bastidores

Com uma temática profunda e até mesmo pesada, o clima ‘atrás das coxias’ não poderia ser melhor. O eterno ‘Rei Leão’ contou que se diverte com os colegas de cena:

”Tem sido maravilhoso. Leo Miggiorin é uma comédia, é um cara muito inteligente, é um mega ator. O Otávio [Martins] para mim é, falei para ele essa semana: ‘Para mim nesse projeto, você é fundamental’. Um cara que traz um embasamento político, um conhecimento. O Matheuszinho [Ribeiro] já é meu amigo de teatro musical, a gente sempre se esbarrava, mas nunca trabalhou juntos. O Júlio [Oliveira] ele sempre foi um cara que eu sempre admirei muito e hoje também tenho a oportunidade de conhecer e ter um amigo. Para mim está sendo uma oportunidade muito linda de dividir com esses 8 homens incríveis”.

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‘Wicked’ Vs ‘The Boys in the Band’

Antes de dar vida a Bernardo, Tiago viveu Fiyero no musical “Wicked”. Com temáticas completamente diferentes, ele refletiu sobre essa mudança de papel.

“É muito difícil, porque o ator ele precisa de um momento para ele se esvaziar, para poder dar espaço para uma nova criação. Eu não tive tempo de fazer isso, então nos momentos de descanso, são os momentos em que você vai buscar novas inspirações. E é um momento muito delicado, pois quando você já está em cartaz com um espetáculo, e já está estudando outro, você precisa ter muita atenção, muita delicadeza nos detalhes. Em saber que aqui é o ‘ponto off’. Que aqui se inicia outro personagem, que é um outro corpo, outra voz, outro andar, tem um outro braço”, explicou.